Ex-braço direito de Daniel Alonso, Levi chegou a Pompeia com prestígio — e saiu pela porta dos fundos, “a pedido”. Sua saída tenta encerrar um capítulo incômodo para a gestão Ceschim, mas deixa perguntas demais em aberto.
A queda era esperada — mas o enredo surpreendeu. Levi Gomes de Oliveira, até então Secretário de Finanças de Pompeia, foi exonerado do cargo oficialmente “a pedido”, com salário de mais de R$ 16.000,00, conforme consta na portaria publicada pela Prefeitura. A manobra burocrática tenta suavizar a saída de uma figura que, nos bastidores, já não se sustentava. Mas, politicamente, o estrago está feito.
A crise se agravou após semanas de desgaste envolvendo uma licitação milionária para a compra de uniformes escolares, marcada por atrasos, editais praticamente copiados e uma sequência de desclassificações que favoreceu uma empresa com atuação semelhante em Marília e Ubatuba.
Mas Levi não caiu por acaso — e muito menos sozinho. Ex-chefe de gabinete do ex-prefeito de Marília, Daniel Alonso, Levi chegou a Pompeia com o peso de uma gestão considerada uma das piores da história mariliense. A empresa que venceu a polêmica licitação local também atuou em Marília sob sua supervisão — uma coincidência que chama atenção, ainda mais considerando os indícios de direcionamento.
Sua nomeação foi política, não técnica. E, segundo informações de bastidor, seu nome teria sido apadrinhado por aliados com influência direta sobre a gestão atual: a deputada estadual Dani Alonso, filha do ex-prefeito de Marília, e o deputado federal Capitão Augusto, seu marido. Este último esteve em Pompeia na terça-feira, lado a lado com o prefeito Diogo Ceschim, justamente enquanto os rumores da queda se intensificavam.
Apresentado por Ceschim como homem de “total confiança”, Levi resistiu no cargo mesmo com a licitação já sob suspeita formal no Tribunal de Contas. Agora, sua exoneração “a pedido” soa como tentativa de salvar aparências — um gesto protocolar que não convence quem acompanha os desdobramentos de perto.
A pergunta que fica não é por que Levi saiu. É por que ficou tanto tempo. Quem o trouxe? Quem o sustentou? Quem ignorou os alertas — e, sobretudo, a origem do histórico que ele já carregava?
Levi sai. Mas o que pode vir a ser o primeiro escândalo da gestão Ceschim permanece. A licitação segue sob suspeita. E a gestão Ceschim acumula um desgaste que não pode mais ser terceirizado.
O caso dos uniformes não foi um acidente. Foi consequência — de alianças feitas no escuro, de escolhas sem critério e da tentativa frustrada de governar Pompeia como se fosse uma extensão de Marília.
